"As coisas têm a importância que damos a elas".


Acabo de ler isso em um email que recebi. Falava de desapego e do trabalho de monges budistas, que depois de construir delicadas mandalas, a destroem, para não se esquecerem nunca da transitoriedade de tudo, principalmente do que é material.


Me lembrei imediatamente das inúmeras vezes em que questionei o valor do meu trabalho, do meu emprego, até do meu diploma de jornalista, enquanto estava no Canadá. Lá eu trabalhei como garçonete, fazia drinks, servia torta e até vendia de shakes de proteínas. Me divertia em todas as vezes que descobria- ou constatava- a minha falta de habilidade em realizar tarefas simples, mas que sempre estiveram longe do meu dia a dia no Brasil. Ria muito ao lembrar de um dos meus chefes, tentando me tratar com paciência, mas me julgando lerda e meio desajeitada, por não conseguir colocar a tampa no copo do shake. Ou por fazer não conseguir fazer o capuccino da forma certa.


Foram nesses momentos em que eu comecei a entender o real sentido dessa frase que escolhi para abrir o texto. Nada de material nesse mundo tem valor, a não ser que você se apegue ao que querem que você pense e acredite. Quando a vida te pede habilidade pra sobreviver, não é ao intelecto que você recorre. Ele pode te ajudar a realizar tudo de forma mais rápida, criativa, eficiente. Mas não é ele que determina seu sucesso nas tarefas simples que a sobrevivencia impõe à sua frente.


Agora, se você consegue enxergar isso a tempo, vai se livrar de pelo menos metade do peso que carrega em suas costas. Não se trata de abrir mão do que é importante pra você. Muito menos de desistir de sonhos, de não construir uma carreira etc. De todos os ensinamentos que esse tipode experiência traz pra gente, um dos mais libertadores é saber que a vida te oferece mil possibilidades. E que você pode conquistar títulos, cargos, construir um caminho brilhante, realizar coisas fantásticas.... mas tudo isso só faz sentido se você conseguir enxergar que todo o resto também é importante. Ou melhor, que nada disso tem tanta importância, já que nada vai ser seu pra sempre...

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