Não o desejo
por completo, tão pouco acho que conseguiria atravessar dias imersa nele. Me
propus, apenas, a passar o feriado exercitando mais o ouvir do que o falar.
Ninguém viaja
sozinho à toa. Descansar, estar consigo, silenciar a mente e o coração. Nem sei
se é possível esvaziar esses dois. Me
parece que o tal “silenciar” poderia ser melhor substituído por “ouvir”,
“escutar”, conectar-se com o que a mente e o coração têm a dizer.
Observadora
nata, gosto de ficar quieta para ouvir a conversa alheia, prestar atenção aos
gestos e comportamento à minha volta. O que, em teoria, torna mais fácil a convivência
com o silêncio. Mas aí me pergunto: entro em contato comigo ou costumo me calar
para me distrair de mim?
A meu ver,
fugimos do silêncio não somente para deixar de descobrir o que pensamos e
sentimos. Tentamos driblá-lo para, sobretudo, não termos que revisitar o que já
conhecemos e nos faz sofrer.
Nem tudo são
flores quando nos desnudamos. Em torno do nosso pacote, devíamos colar um bem
legível “FRÁGIL”. Por mais que haja força, coragem, autonomia e independência
em nosso repertório, assumir nossa fragilidade é tão necessário quanto
perturbador. Se não o fosse, algo tão inofensivo quanto o silêncio não nos
colocaria em xeque. Não nos incomodaria
a ponto de deixar nosso corpo sem lugar, nos obrigar a mover, reorganizar tudo
lá dentro, ou simplesmente, ter que assumir a bagunça.
Da minha
parte, confesso que estar só, por esses quarto dias, não foi pacificador. Mas
sinto que fiz as pazes com algumas dessas fragilidades ao decidir acolhê-las e
respeitá-las. Pude também reafirmar alguns desejos e entre eles, um falou mais
alto. Estar só tem dessas coisas. Às vezes vamos longe só pra descobrir que desejamos,
mesmo, estar mais perto.
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