Ando descobrindo pedacinhos do Brasil no Vietnã. Ou melhor, ando me reconhecendo em detalhes desse país diverso.
A primeira e mais forte interseção vem da gastronomia. No país onde a base da agricultura é o cultivo de arroz, fica fácil se sentir menos longe de casa - ainda que o arroz daqui não seja soltinho e temperado como o do Brasil. E sabe aquele mexido que a gente adora fazer em casa, com as sobras da refeição anterior? Na Ásia é muito comum comer um arroz chamado "fried rice", que no fim das contas é um arroz misturado numa frigideira com legumes, ovos, carne... vai do gosto do freguês.
Em qualquer vendinha de frutas encontro banana, abacaxi, manga e outras tantas frutas comuns no Brasil e igualmente saborosas. Uma surpresa pra mim foi o grande consumo que os vietnamitas fazem da jaca. É muito comum ver embalagens com pedaços de jaca seca e crocante, como fazemos com os chips de banana - que, aliás, também são bastante populares por aqui. No Vietnã, encontro chips de várias frutas e legumes. E embalagens com castanhas e sementes - principalmente a semente de flor de lótus, que é um tira-gosto delicioso.
Outra surpresa foi o grande consumo de caldo de cana de açúcar e quiabo. E como o feijão e outros grãos são bem presentes na alimentação do Vietnã, é possível até montar um pf tipicamente brasileiro com arroz, feijão, quiabo, abóbora - ou outro legume - e uma carne (ou ovo).
Nas ruas, as baguetes francesas fazem muito sucesso e são vendidas em várias barraquinhas. Elas são usadas pra fazer um sanduíche chamado "Bánh mì", que é recheado com legumes ralados, verduras, carne, ovo e molho de soja e/ou de pimenta. O pão é servido sempre quentinho, crocante, e ajuda a matar a saudade dos lanches no Brasil. Esses sanduíches são herança da colonização francesa que houve no Vietnã, assim como os crepes com frutas, que geralmente são servidos com calda de chocolate ou leite condensado.
Mas de todas as paixões em comum, o café talvez seja a maior delas. Vietnamitas são grandes produtores e consumidores da bebida. Aqui ele é servido um pouco mais forte do que no Brasil. E é bebido quente ou frio, geralmente com leite condensado. Em Hoi An, eu tive a chance de experimentar umas bebidas geladas de café com água de coco e leite de coco e adorei! Mas na maior parte das vezes, procuro locais que servem o café no estilo italiano: espresso, macchiato e cappuccino. E foi justamente na visita a um novo café que tive um reencontro emocionante.
Passei alguns minutos sozinha nesse café aí da foto, no meio das montanhas de Dalat, e já estava pronta pra ir embora quando começou a tocar uma música que não ouvia há bastante tempo. "Corcovado", do grande maestro Antônio Carlos Jobim, interpretada por dois cantores com sotaque português. Na mesma hora, me lembrei de um encontro que tive, há muitos anos, com a Helena Jobim, irmã do Tom. Eu estava acompanhando a gravação da entrevista que a jornalista Leila Ferreira fazia com a Helena e num certo momento a Leila, que já tinha viajado pra diversos países, falou que graças ao Tom Jobim, nenhum brasileiro se sentia só em qualquer outro lugar do mundo. Pois hoje eu recebi esse abraço longo e apertado que a música dele consegue nos dar. Veio logo uma saudade grande, acompanhada pela alegria de saber que, de fato, eu não estava mais sozinha.
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