Ensaiei escrever esta história algumas vezes na minha cabeça. Tenho adiado isso há algum tempo, nem sei direito o porquê. Ela chegou até mim, de forma mais que espontânea. Acho que me senti tão responsável que não consegui fazer o que realmente queria: divulgá-la.
Dona Valdete é uma senhora bastante conhecida em Belo Horizonte. É fundadora do grupo "Meninas de Sinhá", que reúne senhoras e agora meninas do Alto Vera Cruz. Elas se apresentam vestidas de chitão, saias rodadas, relembrando as cantigas de roda.
Dona Valdete já se tornou bem mineira, mas nasceu em Barra, uma cidade do interior da Bahia. Perdeu os pais muito nova. Veio pra Minas com a madrinha, por quem foi criada. Cresceu sem saber ao certo a data de nascimento e outras referências importantes - se tinha irmãos, tios... conhecia apenas o primeiro nome dos pais. Aos nove anos de idade (ela não tem certeza se a idade era essa mesmo) decidiu que era hora de começar a se inventar. Ou, reinventar a própria vida.
Como nunca tinha tido uma festa de aniversário, chamou os colegas de escola para a festa que ela mesma faria pra ela. Era 7 de setembro, uma data que ela gostava de forma especial. Arrumou uma caixa de papelão que foi transformada em bolo (cenográfico). Comprou pé de moleque e outros doces de pobre, como ela diz. Conseguiu algumas velas e pronto, cantou seu primeiro "parabéns pra você...'.
A partir de então, Valdete assumiu o posto de mãe de si mesma. Estudou pouco, trabalhou muito, lutou e ainda luta pela comunidade onde vive. Teve filhos e netos. Conseguiu também resgatar a autoestima de mulheres que viviam deprimidas e hoje têm alegria de sobra pra cantar. Quando repassa a vida e sua história, não tem lamentações. Diz, com tom de voz alegre, que sobram motivos pra sorrir.
70 anos de vida não foram o suficiente para ela deixar de sonhar. Ainda espera o dia em que vai poder voltar à Barra e reencontrar seu outro passado. Enquanto isso, continua tecendo a trama da vida que começou inventada mas que de tão real, poderia até ser imitada pela arte.
Dona Valdete é uma senhora bastante conhecida em Belo Horizonte. É fundadora do grupo "Meninas de Sinhá", que reúne senhoras e agora meninas do Alto Vera Cruz. Elas se apresentam vestidas de chitão, saias rodadas, relembrando as cantigas de roda.
Dona Valdete já se tornou bem mineira, mas nasceu em Barra, uma cidade do interior da Bahia. Perdeu os pais muito nova. Veio pra Minas com a madrinha, por quem foi criada. Cresceu sem saber ao certo a data de nascimento e outras referências importantes - se tinha irmãos, tios... conhecia apenas o primeiro nome dos pais. Aos nove anos de idade (ela não tem certeza se a idade era essa mesmo) decidiu que era hora de começar a se inventar. Ou, reinventar a própria vida.
Como nunca tinha tido uma festa de aniversário, chamou os colegas de escola para a festa que ela mesma faria pra ela. Era 7 de setembro, uma data que ela gostava de forma especial. Arrumou uma caixa de papelão que foi transformada em bolo (cenográfico). Comprou pé de moleque e outros doces de pobre, como ela diz. Conseguiu algumas velas e pronto, cantou seu primeiro "parabéns pra você...'.
A partir de então, Valdete assumiu o posto de mãe de si mesma. Estudou pouco, trabalhou muito, lutou e ainda luta pela comunidade onde vive. Teve filhos e netos. Conseguiu também resgatar a autoestima de mulheres que viviam deprimidas e hoje têm alegria de sobra pra cantar. Quando repassa a vida e sua história, não tem lamentações. Diz, com tom de voz alegre, que sobram motivos pra sorrir.
70 anos de vida não foram o suficiente para ela deixar de sonhar. Ainda espera o dia em que vai poder voltar à Barra e reencontrar seu outro passado. Enquanto isso, continua tecendo a trama da vida que começou inventada mas que de tão real, poderia até ser imitada pela arte.
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