Na semana passada, produzi um programa sobre o amor aos animais. Quisemos falar da relação que nós, seres humanos, criamos e desenvolvemos com o animais- os pets ou selvagens. Quem tem um bicho em casa sabe que, muitas vezes, é difícil acreditar que o bicho é mesmo bicho. Eles surpreendem pela inteligência, esperteza, pelas emoções que demonstram.
Mas aí entra uma questão: será mesmo que eles estão sentindo o que nós achamos que estão? Entre os biólogos e veterinários, é comum a ideia de que nós humanizamos os sentimentos
dos animais. Sim, eles têm emoções, mas não as emoções humanas, não do nosso jeito. A Cynthia Cipreste, bióloga do Zoológico de BH, conta que é comum os visitantes chegarem ao zoológico e acharem que o gorila esta triste. Os visitantes saem convictos de lá, argumentando que o bicho estava com um semblantes triste. Aí ela, A Cynthia, nos lembra que o semblante do gorila é sempre triste ou bravo- o que não significa que ele esteja exprimindo uma emoção.
É comum também os donos de cachorros garantirem que eles amam a roupinha que usam ou o chapéu que o dono coloca neles no aniversário dos bichinhos. Bom, o dono se esquece de que quando ele coloca a roupa u o chapeuzinho, ele faz festa, chama o cachorro de lindo, dá carinho... do que será que o pet gosta- dos objetos ou da atenção que recebe?
Nossa relação é mesmo maluca... os bichos preenchem muito as nossa vidas, ne? Dão afeto, trazem alegria... são companheiros. Mas aí o Paulo, culinarista vegano e ativista pelos direitos dos animais, vêm nos lembrar que não só os pets são merecedores do nosso afeto e respeito. Como maltratamos e sacrificamos bichos simplesmente pra garantir nosso conforto, desejos
e caprichos? Se os bichos, todos eles, têm algum tipo de emoção, isso deveria bastar pra nós
reavaliarmos nossa relação com todos eles. Uma cadela merece ficar prenha sei lá quantas vezes ao ano, todos os anos, pra gerar filhotes que vão ser comercializados? A vaca merece também viver prenha e ter os filhotes afastados dela pro corpo dela produzir leite incessantemente? Existem algum filósofos, segundo o Paulo, que já defendem que os animais têm o self. Self é o eu. Eles, os animais, não seriam apenas vidas na terra, mas sujeitos da própria vida.
Pode parecer viagem, mas uma vida que sente, merece o direito de ser vivida, direito ao próprio corpo, direito ao respeito. Considerar essa vidas inferiores e não dignas de tudo isso
é, no fundo, agir de forma irracional.
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