Bocejos sempre me chamaram a atenção. Alguns fazem um pouco mais do que isso, me incomodam. São aqueles que interrompem uma fala, que cortam o silêncio da sala de cinema, do teatro... Eles surgem como se quisessem chamar a atenção, deslocá-la para o tédio, cansaço ou qualquer outro sentimento que o dono esteja experimentando.
Não acho que seja preciso interromper um bocejo, nem sei se isso é possível. Mas, talvez, minimizar seu impacto? Acabo de bocejar e isso é prova de que "o tal" tem mesmo força.
Me divirto com alguns deles. Conheço gente que boceja como se fosse o leão da Metro Goldwyn Mayer- aquele leão que ruge antes de alguns filmes. Acho uma graça! É um bocejo aparecido, incontrolável, muito cheio de si. Mais divertido ainda é notar que nem sempre o dono se dá conta do poder do próprio bocejo! Já aconteceu de brincar com essas pessoas e só, então, elas perceberem a semelhança- e a falta de pudor do bocejo (no bom sentido).
Mais um bocejo! E olha que acordei tarde, dormi bem, já tomei um espresso e não tenho nem um pingo de sono! Sim, é contagiante. Aliás, nunca entendi por quê (embora haja uma razão científica pra isso).
Acho que é hora de explicar como esse texto nasceu. Estávamos no meio da peça, o teatro em silêncio, uma história pra lá de hipnotizante. Ele surge atrás de mim. Foi alto, sem censura, carregava uma boa dose de tédio. O dono se fez de bobo e deixou que ele se expressasse com toda a liberdade possível. Mas me pareceu tão fora de contexto! A peça continuou, todos aplaudimos de pé e horas depois, me dei conta: o bocejo é um protesto!
Teria como não ser?
Quando preciso sair da cama, mas desejo permanecer nela; quando é hora de abandonar a preguiça e começar a tarefa chata; quando o cérebro luta contra o cansaço pra prestar atenção à aula, ao filme, à peça, ao livro, à DR...
Quando a manifestação é grave, saem até lágrimas dos olhos! O bocejo atinge outros sentidos, provoca reações coletivas... se espreguiço, seria ele uma passeata pacífica? Se lacrimejo é porque enfrento uma tropa de choque? Acho que o leão da Metro deve ser alguma reação a bombas de gás... rs
Então me dou conta, agora, de que é uma espécie de protesto-catarse. Porque limpa de nós algo que precisa, mesmo, sair. Ou ser compartilhado. Como se fosse um código (nada indecifrável), uma forma de levantar o dedo e dizer: "Quem sente o mesmo, põe o dedo aqui...".
Voltando ao caso da peça, talvez eu quisesse também bocejar. Não pela história, nem pelas companhias, mas pela cadeira desconfortável, pela chuva que caía na fora, pelo fato do dia seguinte ser segunda...
Chego à terceira conclusão: é preciso coragem pra bocejar assim. Posso só acrescentar o "pero sin perder la ternura jamás"?
Não acho que seja preciso interromper um bocejo, nem sei se isso é possível. Mas, talvez, minimizar seu impacto? Acabo de bocejar e isso é prova de que "o tal" tem mesmo força.
Me divirto com alguns deles. Conheço gente que boceja como se fosse o leão da Metro Goldwyn Mayer- aquele leão que ruge antes de alguns filmes. Acho uma graça! É um bocejo aparecido, incontrolável, muito cheio de si. Mais divertido ainda é notar que nem sempre o dono se dá conta do poder do próprio bocejo! Já aconteceu de brincar com essas pessoas e só, então, elas perceberem a semelhança- e a falta de pudor do bocejo (no bom sentido).
Mais um bocejo! E olha que acordei tarde, dormi bem, já tomei um espresso e não tenho nem um pingo de sono! Sim, é contagiante. Aliás, nunca entendi por quê (embora haja uma razão científica pra isso).
Acho que é hora de explicar como esse texto nasceu. Estávamos no meio da peça, o teatro em silêncio, uma história pra lá de hipnotizante. Ele surge atrás de mim. Foi alto, sem censura, carregava uma boa dose de tédio. O dono se fez de bobo e deixou que ele se expressasse com toda a liberdade possível. Mas me pareceu tão fora de contexto! A peça continuou, todos aplaudimos de pé e horas depois, me dei conta: o bocejo é um protesto!
Teria como não ser?
Quando preciso sair da cama, mas desejo permanecer nela; quando é hora de abandonar a preguiça e começar a tarefa chata; quando o cérebro luta contra o cansaço pra prestar atenção à aula, ao filme, à peça, ao livro, à DR...
Quando a manifestação é grave, saem até lágrimas dos olhos! O bocejo atinge outros sentidos, provoca reações coletivas... se espreguiço, seria ele uma passeata pacífica? Se lacrimejo é porque enfrento uma tropa de choque? Acho que o leão da Metro deve ser alguma reação a bombas de gás... rs
Então me dou conta, agora, de que é uma espécie de protesto-catarse. Porque limpa de nós algo que precisa, mesmo, sair. Ou ser compartilhado. Como se fosse um código (nada indecifrável), uma forma de levantar o dedo e dizer: "Quem sente o mesmo, põe o dedo aqui...".
Voltando ao caso da peça, talvez eu quisesse também bocejar. Não pela história, nem pelas companhias, mas pela cadeira desconfortável, pela chuva que caía na fora, pelo fato do dia seguinte ser segunda...
Chego à terceira conclusão: é preciso coragem pra bocejar assim. Posso só acrescentar o "pero sin perder la ternura jamás"?
Bocejos... incontroláveis...
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